Clostridium difficile

  • Descrição do agente - Clostridium difficile é um microorganismo produtor de toxina e é o responsável por doenças gastrintestinais associados a antibióticos.

O Clostridium Difficile faz parte da flora intestinal normal num pequeno número de pessoas sadias e pacientes hospitalizados.Verifica-se o desenvolvimento da doença em pacientes com uso de antibióticos, visto que estes fármacos alteram a flora entérica normal, permitindo o crescimento excessivo destes microorganismos relativamente resistentes ou tornando o paciente mais suscetível à aquisição exógena de Clostridium Difficile.Ocorre doença quando os microorganismos proliferam no cólon e ali produzem suas toxinas.

 

  • Fatores de virulência

 

  1. Enteroxina-(produz quimiotaxia; induz a produção de citocinas com hipersecreção de líquidos; produz necrose hemorrágica).
  2. Citoxina-(induz a despolimerização da actina com perda do citoesqueleto celular).
  3. Fator de adesina-(medeia a ligação a células colônicas humanas).
  4. Hialuronidase-(produz atividade hidrolítica).
  5. Formação de esporos-(permite a sobrevida durante meses em ambientes hospitalares).

 

  • Patogenicidade

 

     Colite pseudomembranosa – é uma doença inflamatória do cólon caracterizado por placas exsudativas superpostas a uma mucosa congesta e edemaciada. Ela é causada pela infecção da mucosa do còlon pelo Clostridium Difficile.

      Ao exame microscópico, há necrose focal das células epiteliais superficiais nas criptas glandulares acompanhada por intensa infiltração de neutrófilos e fibrina, e trombose das vênulas submucosas. A inflamação é mais superficial e dissemina-se lateralmente.

      A patogenia da inflamação pela toxina A – envolve interações entre células epiteliais, nervos sensitivos e células inflamatórias da lâmina própria intestinal.

  • Diagnóstico

 O diagnóstico laboratorial baixa-se na detecção das tcda e tcdb nas fezes recentemente colhidas, de pacientes sintomáticos através de ensaios imunoenzimáticos(ELISA)ou por métodos mais sensíveis, como o da observação de efeitos citopáticos em cultura de células VERO,HeLa ou HT29 com e sem anticorpos neutralizantes.A cultura anaeróbica das fezes em meio seletivo como o meio de cicloserina-cefoxitina frutose Agar(CCFA)é considerada o método mais sensível em decorrência dos resultados falso-negativos que os ensaios imunoenzimáticos in situ podem oferecer ou pela interferência das proteases das fezes nos ensaios de citotoxicidade. Embora trabalhosa, a cultura anaeróbica de Clostridium Difficile apresenta sinais que presuntivamente identificam o microorganismo como é o odor de estábulo. Métodos de seleção de esporos, como o choque alcoólico ou térmico, são muitas vezes empregados no isolamento primário como forma de enriquecimento do cultivo. 

  • Tratamento

 Em geral, a interrupção do antibiótico implicado (por ex: ampicilina, clindamicina) é suficiente para aliviar a doença moderada. Entretanto, o tratamento específico com metronidazol ou vancomicina é necessário na doença grave. Podem ocorrer recidivas em até 20% a 30% dos pacientes após o término do tratamento, devido à resistência dos esporos de Clostridium Difficile a antibioticoterapia. Um outro tratamento com o mesmo antibiótico é quase sempre bem-sucedido.

 

  • Epidemiologia

 Aproximadamente 50% dos bebês e crianças abaixo de 24 meses albergam Clostridium Difficile e suas toxinas sem apresentarem conseqüências deletéricas.Estudos sugerem que a aquisição nosocomial é a rota mais provável para justificar a colonização dos bebês. Com o estabelecimento da microbiota normal, a taxa de portadores diminui e diarréia e /ou colite pseudomembranosa associada a antimicrobianos tornam-se mais freqüentes, ainda que em menor incidência do que aquela que ocorre entre adultos. Por outro lado, a taxa de portadores adultos é muito variável. Países como o Japão registram 15% de portadores entre a população adulta, enquanto na Suécia apenas 1,9% albergam o microorganismo, sem que se detecte quantidades significativas de tcda e tcdb nas fezes. A existência prévia de reservatório endógeno de Clostridium Difficile não é considerada pré-requisito para a infecção sintomática e a maioria dos organismos que causa doença parece ser adquirida de fontes exógenas, especialmente de objetos inanimados presentes no ambiente hospitalar através das mãos dos profissionais de saúde. Entre os adultos hospitalizados infectados com Clostridium Difficile, a maioria é assintomática servindo como reservatório para uma contínua contaminação do ambiente hospitalar.O Clostridium Difficile toxigênico é considerado a causa mais comum de diarréia nosocomial em países da Europa e nos EUA, sendo implicado em até 30% dos casos. A hospitalização é considerada fator de risco pelas oportunidades de repetidas exposições de pacientes suscetíveis ao principal reservatório.