N. meningitidis

NEISSERIA MENINGITIDIS

 

1 – DESCRIÇÃO:

Neisseria meningitidis (meningococo), bactéria em forma de diplococos gram-negativos. É classificada em sorogrupos de acordo com o antígeno polissacarídeo da cápsula, sorotipos e subtipos. Os sorogrupos mais importantes são: A, B, C, W135 e Y

Existe um paradoxo associado a N. Meningitidis. Este diplococo Gran-negativo encapsulado costuma colonizar a nasafaringe de pessoas sadias. Entretanto, constitui também a segunda causa mais comum de meningite adquirida na comunidade em adultos, e a rápida progressão de um estado de saúde para uma doença potencialmente fatal pode causar temor e pânico numa comuidade, em contraste com quase qualquer doença.

 

2 – Fisiologia e Estrutura:

 

Os meningococos formam colônias não-hemolíticas, transparentes e não pigmentadas em ágar – sangue – chocolate, e seu crescimento é intensificado numa atmosfera úmida com dióxido de carbono a 5%. Os microorganismos isolados com grandes cápsulas de polissacarídeo aparecem como colônias mucóides. Os menigococos são oxidase – positivos e são diferenciados de outras espécies de neisseria pela produção de ácido a partir da degradação da glicose e maltose, mas não da sacarose ou lactose.

A N. meningitidis é subdividida em sorogrupos e sorotipos. Os sorogrupos A, B, C, X, Y e W 135 estão mais associados a doença meningocócica. A classificação dos microorganismos isolados de acordo com o sorotipo baseia-se em diferenças nas proteínas presentes na membrana externa e no componente de oligossacarídeo do LOS. A classificação por sorotipo motrou-se útil para classificação epidomiológica e caracterização das cepas virulentas (certos sorotipos com base no LOS estão mais comumente associados a doença invasiva)

 

 

 

3 – Fatores de Virulência:

 

Receptores específicos dos pili meningocócitos permitem a colonização da nosafaringe.  A cápsula de polissacarídeo protege as bactérias da fogacitose mediada por anticorpos. As bactérias podem sobreviver à destruição intracelular na ausência de imunidade. A endoxina medeia a maioria das manifestações clínicas.

 

4 - Reservatório - O homem doente ou portador assintomático.

 

5 - Modo de transmissão - Contato íntimo de pessoa a pessoa (pessoas que residem no mesmo domicílio ou que compartilham o mesmo dormitório em internatos, quartéis, creches, etc.), por meio de gotículas das secreções da nasofaringe. O principal transmissor e o portador assintomático.

 

6 - Período de incubação - De 2 a 10 dias; em media, de 3 a 4 dias.

 

7 - Período de transmissibilidade - Enquanto houver o agente na nasofarínge. Em geral, apos 24 horas de antibioticoterapia, o meningococo já desapareceu da orofaringe.

 

8 - Complicações - Necroses profundas com perda de tecido nas áreas externas, onde se iniciam as equimoses, surdez, artrite, miocardite, pericardite, paralisias, paresias, abscesso cerebral, hidrocefalia, dentre outras

 

9 - Patogenicidade

 

O prognóstico num indivíduo exposto a N. meningitidis depende de quatro fatores:

A – capacidade das bactérias de colonizar a nasafaringe (mediada por pili)

B – presença de anticorpos específicos para grupos sorotipos.

C – ocorrência de disseminação sistêmica sem fagacitose mediada por anticorpos (proteção propiciada pela cápsula de polissacarídeo).

D – expressão de efeitos tóxicos (mediada pela endotoxina).

 

Experimentos com culturas de tecido nasofaríngeo demontraram que os meningococos fixam-se seletivamente a receptores específicos de pili meningocócicos em células colunares, não ciliadas da nova nasofaringe. Os meningococos que carecem de pili tem menos capacidade de se fixar a essas células. A colonização prévia por N. Meningitidis fornece imunidade protetora. Todavia pode ocorrer doença progressiva na ausência de anticorpos específicos. Os lactantes com menos de um ano de idade são mais suscetíveis a doença, devido ao declínio dos níveis de anticorpos maternos. De forma semelhante, disseminação epidêmica da doença resulta da introdução de uma nova cepa virulência numa população imunologicamente virgem. A atividade bacteriana também exige a presença do complemento. Os pacientes com deficiências de C5, C6, C7 ou  C8 do sistema do complemento apresentam um risco estímulo de 6.000 vezes para a doença meningocócica.

A lesão vascular difusa associadas as infecções meningocócicas (por exemplo, lesão endotelial, inflamação da parede dos vasos, trombose, coagulação intra vascular disseminada)

 

 

10 - Diagnóstico Laboratorial:

 

 

Por meio do isolamento da N. meningitidis do sangue ou líquor. O LCR pode se apresentar turvo, com cor leitosa ou xantocrômica. A bioquímica evidencia glicose e cloretos diminuídos (concentração de glicose inferior a 50% da glicemia, coletada simultaneamente ao líquor), proteínas elevadas (acima de 100mg/dl) e aumento do numero de leucócitos, predominando polimorfonucleares neutrófilos. A contra-imunoeletroforese (CIE) e reagente, a bacterioscopia evidencia a presença de diplococos gram-negativos e a cultura evidencia o crescimento de N. meningitidis. Nas meningococcemias, o leucograma apresenta-se com milhares de leucócitos, havendo predominância de neutrófilos (“desvio a esquerda”). A hemocultura e positiva. O raspado das lesões de pele pode ser cultivado para identificação do agente. Outros exames que podem ser utilizados para identificação do meningococo são a pesquisa de antígenos no líquor, fixação do látex, Elisa ou radioimunoensaio. A reação em cadeia da polimerase (PCR) para o diagnostico tem sido utilizada, apresentando elevada sensibilidade e especificidade. Ressalte-se que essa técnica não e utilizada na rotina diagnostica.

É importante identificar a N. meningitidis, de modo que se possa iniciar o tratamento específico no paciente, bem como a profilaxia nos contactantes, quando indicados. As amostras clínicas mais úteis para a detecção dos meningococos incluem o sangue e o líquido cefalorraquidiano (LCR). Embora o microrganismo esteja presente no sangue da maioria dos pacientes com doença sistêmica, os suplementos encontrados nos caldos de hemocultura podem ser tóxicos para as espécies de neisseria e inibir ou retardar o crescimento bacteriano.

O laboratório deve ser notificado se houver suspeita de doença meningocócita, de modo que possam ser utilizados métodos alternativos de hemocultura. A detecção de microrganismos do LCR de pacientes não-tratados e seu crescimento são relativamente fáceis, devido à abundância dos microrganismos no líquido (i.c., são normalmente encontrados mais de 107 micoorganismos por mililitro de líquido).

Como a contagem de bacterias no LCR é elevada, os diplococos Gram- negativos são facilmente visualizadas nos leucócitos polimorfonucleares na coloração pelo método de Gram. A contra imunoeletroforese ou a aglutinação de partículas de latex recoberta com anticorpos específicos. Também podem ser utilizadas para a detecçao do antígeno polissacarídico. Entretanto, a utilidade destes testes é limitada, uma vez que N. imunogitidis do sorogrupo 3 é relativamente não – imunogência e não reage com os reagentes do teste.

 

11 - Tratamento,

 

Penicilina Cristalina, 300.000 a 500.000UI/kg/dia, com dose máxima de 24.000.000UI/dia, IV, fracionada em 3/3 ou 4/4 horas,durante 7 a 10 dias; Ampicilina, 200 a 400mg/kg/dia, ate no Maximo de 15g/dia, IV, fracionada em 4/4 ou 6/6 horas, durante 7 a 10 dias. Em casos de alergia, usar Cloranfenicol, na dose de 50 a 100mg/kg/dia, IV,fracionada em 6/6 horas.

 

12 - Prevenção e Controle

 

Crianças em fase de amamentação apresentam imunidade passiva (primeiro 6 meses). Para a imunoprofilaxia, a vacinação é um suplemento à quimioprofilaxia; é utilizada somente para os sorogrupos A, C, Y W 135; não existe vacina eficaz para o sorogrupo B. Vacinas polissacarídicas conjugadas com proteínas carradoras oferem proteção para crinças com idade inferior a 2 anos.  

 

13- Epidemiologia

 

A doença meningocócica epidêmica ocorre em todo o mundo, e as epidemias são comuns nos países em desenvolvimento. As pandemias da doença tem sido raras nos países desenvolvidos desde a Segunda Guerra Mundial. Cerca de 90% dos casos de doença meningocócica são causados por sorogrupos A, B ou C, e o sorogrupo B é responsável pela maioria dos casos de doenças endêmica nos Estados Unidos. N. Meningitidis é transmitida por gotículas respiratórias entre pessoas que mantém contato íntimo prolongado, como membros da família que vivem na mesma casa e soldados que vivem em acampamentos militares. Os colegas de classe em escolas e funcionários de um hospital não considerados contatos íntimos e não apresentam um risco significativamente aumentado de adquirir a doença, a não ser que estejam em contato direto com as secreções respiratórias de uma pessoa infectada.

Os humanos são os únicos portadores naturais de N. Meningitidis. Estudos do estado de portador assintomático de N. meningitidis demonstram que existe uma enorme variação em sua prevalência, de menos de 1% a quase 40%. As taxas de estado de portador oral e nasofaríngeo são maiores em crianças em idade escolar e adultos jovens, sendo mais elevadas em populações de nível socioeconômico mais baixo (devido à disseminação da doença de pessoa para pessoa em áreas aglomeradas), mas não variam com as estações, apesar de a doença ser mais comum durante a estação seca.