Staphylococcus aureus

Staphylococcus aureus

O estafilococos têm forma esférica (são cocos), cerca de 1 micrómetro de diâmetro, e formam grupos com aspecto de cachos de uvas (staphylé é a palavra em grego para cacho de uvas). Após técnica Gram, são roxos ao microscópio óptico, logo Gram-positivos, devido à sua membrana simples e parede celular de peptidoglicano grossa constituida por mureína, ácido teicóico e polissacarídeos.

Os estafilococos são anaeróbios facultativos ou seja, podem viver em meios aeróbios, usando oxigénio, ou anaeróbios através de fermentação, mas crescem muito mais rápido aerobicamente. Não têm flagelo nem cílios logo são incapazes de se mover por si só. A sua temperatura preferida é de 37ºC, a mesma do corpo humano.

Fatores de virulência

Os fatores de virulência são todos os mecanismos que permitem a invasão do hóspede, ou a evasão da bactéria ao sistema imune. Cada estirpe tem geralmente apenas alguns destes fatores.

  1. Têm cápsula que protege muitas estirpes contra fagocitose e o sistema imunitário.
  2. Péptidoglicano, na parede celular: tem alguma atividade de endotoxina, estimulando a febre e vasodilatação excessivas, devido à produção pelas células imunitárias de citocinas como a IL-1..
  3. Proteína A: especifica dos S.aureus. Neutraliza imunoglobulinas (anticorpos).
  4. Ácidos teicóicos: são fibrilhas como o polissacarídeo A que servem para ancorar a bactéria, impedindo-a de ser arrastada (pelo sangue, urina, suor ou outros fluidos) da sua área de colonização.
  5. Toxina alfa: produzida pelo Staphylococcus aureus, destroi vários tipos de células.
  6. Toxina beta: produzida apenas pelo Staphylococcus aureus, destroi vários tipos de células.
  7. Toxina delta: produzida pela maioria dos estafilococos. É um surfactante que desestabiliza com a membrana celular Destroi, por lise celular (explosão dos conteúdos), eritrócitos e muitos outros tipos de células.
  8. Toxina gama e leucocidina P-V: grupo de até seis toxinas que formam poros na membrana celular de leucócitos, destruindo-os por lise.
  9. Coagulase: esta enzima coagula o sangue ao transformar o fibrinogénio em fibrina, da mesma forma que a trombina humana. A formação de coágulos à volta das bactérias dificulta o seu reconhecimento e fagocitose pelas células do sistema imunitário.
  10. Fibrolisina ou estafilocinase: produzido pelo Staphylococcus aureus. Dissolve os coágulos de fibrina, o que é util se forem tão grandes que impeçam a sua multiplicação e invasão.
  11. Hialuronidase: degrada a matriz extra-celular humana, composta de ácido hialurónico, facilitando a invasão dos tecidos.
  12. Catalase: protege as bactérias dos ataques com superoxidantes produzidos como defesa pelos leucócitos. A enzima catalase transforma o peróxido de oxigénio (presente na "água oxigenada" usada como asséptico) em água e oxigénio inofensivos.
  13. Lipase: todos os Staphylococcus aureus e 30% dos outros produzem-nas. Dissiolvem lípidos neutralizando defesas lípidicas (que repelem água e causam desidratação das bactérias) como o sebo da pele e mucosas.
  14. Penicilinase: produzida pelas estirpes resistentes ao antibiótico penicilina. Ela degrada o antibiótico. É espalhada por troca de plasmídeos contendo o gene nas trocas sexuais bacterianas.
  15. Enterotoxinas: produzidas em alimentos durante a fase de crescimento. São peptídeos de pequeno peso molecular. É resistente às enzimas digestivas e ao calor, não sendo destruída pelos processos de cocção e esterilização. Agem na parede do estômago, nos receptores do nervo vago. São produzidas diversas toxinas, designadas por letras: A, B, C (C1 e C2), C, D, E, F e G.

Epidemiologia

Existem em todo o mundo. Os estafilococos existem na pele de todas as pessoas, geralmente estirpes pouco virulentas (coagulase-negativas), embora frequentemente existam também Staphylococcus aureus sem causar doença. Por vezes também existem no intestino e tracto urinário.

São destruidos por desinfectantes, sabão e altas temperaturas. Resistem bem à desidratação, durante períodos alargados. Passam de pessoa para pessoa pelo contacto directo ou com objectos. As feridas e outras aberturas na pele, estados de debilidade, operações cirurgicas e doenças podem levar a um organismo até aí inofensivo se transformar em invasor.

Doenças causadas

 1) Infeccões piogênicas na pele (foliculite, furúnculo, carbúnculo, terçol, etc)

2) Infeccões oportunistas (osteomielite, septicemia, pneumonia, endocardite, meningite, etc);

3) Síndrome de Ritter (pele escaldada);

4) Intoxicações alimentares;

5) Síndrome do choque tóxico.

 

Diagnóstico

EXAME BACTERIOSCÓPICO: Coloração de GRAM

CULTURA: Meio de ágar sangue, ágar chapman-stone, ágar manitol salgado.

Os Estafilococos não são muito exigentes, crescem em meios comuns que contém peptona e extrato de carne, mas crescem melhor em meios contendo sangue, ácido nicotínico, tiamina e biotina. São adequados:  AGAR SANGUE, CHAPMAN STONE, MSA -ÁGAR MANITOL SAL, STAPHYLOCOCCUS 110,

Morfologia das colônias: Crescimento rápido em condições aeróbicas ou microaerófilas.Em meios sólidos, as colônias são redondas, lisas, elevadas e brilhantes.  As colônias de S.aureus são acinzentadas a amarelo dourado intenso. As colônias de S.epidermidis apresentam coloração de cinza a branca.

Tratamento

  • As penicilinas resistentes à penicilinase são ainda a primeira escolha apesar do aumento na resistência.

Bibliografia

  • Alcamo, I. Edward. Fundamentals of Microbiology. 5th ed. Menlo Park, California: Benjamin Cumming, 1997.
  • Atlas, Ronald M. Principles of Microbiology. St. Louis, Missouri: Mosby, 1995.
  • Holt, John.G. Bergey's Manual of Determinative Bacteriology. 9th ed. Baltimore, Maryland: Williams and Wilkins, 1994.
  • Stanier, R.Y., J. L. Ingraham, M. L. Wheelis, and P. R. Painter. General Microbiology. 5th ed. Upper Saddle River, New Jersey: Prentice Hall, 1986.